O que estamos comendo?


O que estamos comendo?

Será que a gente se dá conta em relação ao que estamos comendo, digo, ao que REALMENTE estamos ingerindo? Muitas vezes já estamos acostumados a um tipo de alimentação e não olhamos mais ao redor. O que não falta nas prateleiras dos supermercados são alimentos de baixa qualidade disfarçados de saudáveis ou até mesmo rico em vitaminas em nutrientes. Mas você já parou para ler o rótulo destes alimentos? Se não, deveria – pois os fabricantes muitas vezes estão nos vendendo gato por lebre. Em tempo: a ideia deste post não é ser contra a indústria alimentícia, mas sim tentar mostrar um pouco como as coisas funcionam – na correria no dia a dia a gente às vezes não pára para pensar no que está bem à nossa frente.

#o que aconteceu com o nosso pão?

Antigamente, mas bem antigamente, o pão de cada dia era feito com farinha integral, água, sal e fermento natural. O pão levava muitas horas para ficar pronto e era até um pouco ‘duro’ – devido ao trigo integral. Com o passar do tempo, a farinha integral foi substituída pela farinha branca, a fim de gerar um pão mais macio: até aí, nenhum grande problema, pois podemos ingerir grãos integrais de outra fonte. Depois foi a vez de o fermento natural ser substituído pelo fermento instantâneo, fazendo com que nosso inocente pãozinho comece a ficar indigesto e pobre em nutrientes.

Nas prateleiras dos supermercados são muitas as opções de pães integrais, mas a má notícia é que a maioria destes pães contém de 20 a 30% de farinha de trigo integral em sua composição. Sem citar quantidades altas de açúcar, sal, gorduras e conservantes num produto dito ‘saudável’. Ora, como isso é possível? O primeiro motivo é que a lei permite esse tipo de informação. O segundo motivo, não menos triste, é que o consumidor aceita e consome este tipo de produto. Sim, isso mesmo: estamos pagando a quem nos engana. Quando eu toco neste assunto numa roda de amigos ou de família, alguns dizem: ‘Mas e então, qual a solução pra esta situação? Vou parar de comer pão? Vou ter de fazer meu próprio pão? Não tenho tempo, não posso…’.

Sempre temos alternativa, sempre. Mas não quer dizer que é fácil ou simples – e por que tudo na vida tem que ser tão fácil? Hoje em dia, ao mesmo tempo em que a produção industrial cresce imensamente, tem outro tipo de produção que também vem crescendo: a produção artesanal. Alguém já reparou quanto produto bacana tem por aí? E, principalmente, pão – tem muita padaria fazendo pão ‘honesto’ e de boa qualidade e alguns produtores independentes que produzem ótimos pães às vezes em casa mesmo. Pesquise, vá atrás, pergunte – lembre-se que sempre teremos alternativa. Aliás, uma delas é fazer o seu pão em casa: já ouviram falar no pão sem sova? Muita gente conhece, muita gente faz – aqui mesmo no blog tem muitas receitas de pão sem sova. É um pão caseiro de verdade, sem aditivos, super digesto, muito saboroso e, além de tudo, você pode congelar! Mas cuidado: fazer seu próprio pão em casa vicia e você não vai mais aceitar ‘pão ruim’!


# fique alerta com os falsos produtos caseiros e saudáveis

Molho para salada caseiro. Pão caseiro. Caldo de legumes caseiro. Sopa caseira. Opa. perái.

Para começar, nenhum alimento que esteja dentro de uma embalagem na prateleira do supermercado pode ser caseiro – salvo algumas raríssimas exceções. Toda a vez que vou a um supermercado dou uma reparada neste tipo de produtos. O que alguns fabricantes fazem, muitas vezes, é nos pregar uma peça: no rótulo principal descrevem o produto como ‘caseiro’ ou até mesmo ‘sem conservantes’, porém no rótulo posterior você tem acesso a todos os ingredientes que estão na composição daquele produto [ou ao menos deveriam]. E produto caseiro não tem excesso de sal, nem açúcar disfarçado de glucose, glutamato monossódico, ……………… – e a lista normalmente é extensa. Veja este exemplo de ‘Sopa sem conservantes’ – vamos analisar juntos as informações da embalagem desta simples sopa de tomates e vegetais?

– A lista de ingredientes é bem extensa para uma simples sopa: na parte esquerda da embalagem [não aparece na foto], consta a informação ‘sem conservantes’, mas contém ingredientes como xarope de glucose, óleo de palma, óleo de girassol, glutamato monossódico, saborizantes e emulsificantes – FALA SÉRIO!

– Veja na foto da direita: tem 7% de gordura saturada, 6% de açúcar e incríveis 22% de sal. Mas não tem conservantes – ah vá!!! Sal e açúcar em excesso são conservantes. e este produto é um verdadeiro absurdo…

Em suma, se você vai ao supermercado e compra um pacote de pão integral, uma bandeja de peito de peru, um pedaço de queijo branco e uma caixa de suco e acha que tem uma alimentação saudável….devo lhe dizer que parece que você está enganado. Vejamos o porque:

– Seu pão integral não é realmente integral [leia no rótulo o percentual de grão integral da composição];

– O peito de peru foi feito com a carne e outras partes de um animal doente, provavelmente criado em uma gaiola, em péssimas condições e comendo grãos transgênicos. Concorda que um produto feito com esta ‘matéria prima’ não pode ser saudável?

– O queijo, idem: feito com leite de uma vaca doente;

– E o suco? Pode até ser sem conservantes, mas em apenas 1 porção tem a quantidade de açúcar recomendada para um dia inteiro – em apenas 1 copo de suco.

Como eu disse lá no comecinho do post, a ideia aqui não é fazer uma lavagem cerebral, tentando te convencer a não mais consumir produtos industrializados – não. A ideia é apenas que tenhamos consciência do que de verdade há nestes produtos, é saber que não são saudáveis e nem mesmo nutritivos. Salvo raras exceções. Em suma, a proposta aqui é percebermos a importância de se consumir mais alimentos frescos.

Será que os ‘alimentos saudáveis’ são mesmo saudáveis?

Existem diversos alimentos industrializados com baixo índice de gordura, para citar apenas um exemplo, mas muitas vezes possuem excesso de açúcar ou alguma outra substância não muito boa para o organismo. Já outros, como as famosas barras de cereais, são descritos como fonte de fibras, e quando olhamos o rótulo vemos a informação: 2% de fibra em relação a quantidade diária recomendada – cadê a fonte de fibra? Que vergonha… Além disso, as saudáveis barrinhas de cereais contém glucose, maltodextrina [o consumo em excesso pode ser bem prejudicial ao organismo] e estabilizantes – afe! Como sua barrinha de cereal, mas não coma muito pensando que é saudável pois não é. Melhor seria uma barrinha de chocolate orgânico. E sim, até tem barras de cereais com percentual ‘honesto’ de fibras [entre 5 e 11%] mas, de novo: leia sempre o rótulo.


# que tal consumir menos carne?

Um filé não é um simples filé. Muita coisa aconteceu para aquele bife suculento chegar no nosso prato – como acontece com qualquer tipo de produção industrial. Uma estatística: para se produzir 1 quilo de carne bovina, são gastos impressionantes 15.400 litros de água, cada animal consome em média 13 quilos de cereais e lança gases super nocivos no meio ambiente [devido à sua flatulência]. Fora isso, rola também um desmatamento para prover espaço para a criação de gado, bem como a contaminação do solo, proveniente dos resíduos de urina e fezes dos bichinhos. Assim há de se saber que o consumo excessivo de carne [bovina, suína e aves] está criando sérios problemas ambientais, quase insustentáveis e, pior, irreversíveis. Existem estudos atuais e muito bem embasados sobre o impacto ambiental atual em decorrência do consumo excessivo de carne e a conclusão é: o problema em si não é o consumo, mas sim o abuso – e precisamos diminuir o consumo, FATO!

Nada na vida precisa ser radicalizado, mas o ideal seria tomarmos atitude diante de algum fato antes que ele se torne irreversível, caso contrário fica sem propósito. Algumas pessoas consomem carne TODOS OS DIAS e eis aqui uma novidade: ninguém vai morrer se parar de comer carne todos os dias – pode ser que você morra prematuramente justamente porque a come em excesso, já pensou nisso?

MAS ENTÃO A CARNE É VILÃ?

Não, não é. Proteína animal não é um veneno, não é um produto maléfico [desde que consumido com moderação, como tudo na vida], mas foi-se o tempo em que era super nutritivo, simplesmente porque foi-se o tempo em que os animais tinham uma alimentação equilibrada, tornando assim sua carne nutritiva. Hoje em dia os bichinhos ficam presos em espaços super pequenos, sofrendo stress e se alimentando de grãos transgênicos, tudo para que possam crescer e serem abatidos no menor espaço de tempo possível, gerando o maior lucro possível. Muito louco. Assim é a indústria.

Enfim, para quem acha que consome muita carne, refletiu um pouco sobre o assunto e concorda que devemos diminuir o consumo, que tal abolir a carne uma vez por semana no início? Como eu disse antes, não precisamos radicalizar. Se você consome carne todos os dias, que tal começando aderindo ao SEGUNDA SEM CARNE? Inclusive tem muitos restaurantes que participam desta iniciativa e oferecem maior quantidade de pratos sem carne neste dia. E assim, gradualmente você vai se acostumando com um consumo menor de carne e continua diminuindo, gradualmente. Ninguém precisa parar totalmente de comer carne, mas sim: precisamos diminuir este consumo. Precisamos cuidar deste planeta minha gente!

Um exemplo prático:

Pensemos em um indivíduo que consuma carne todos os dias, uma porção de 200 gramas. Se este indivíduo eliminar o consumo apenas uma vez na semana, terá deixado de consumir aproximadamente 10 quilos de carne no final de um ano, ou seja, multiplique por 10 todo o dano que a produção de 1 quilo de carne causa ao nosso meio ambiente. Agora, vamos mais além: imagine esse mesmo indivíduo eliminando a carne 3 vezes na semana. Indo mais além, imagine 50.000 pessoas fazendo isso. Este é só um exemplo de que pequenas atitudes fazem a diferença.


# como comer melhor no dia a dia?

Então ok, vamos ser práticos: o que podemos fazer para comer melhor no dia a dia? Minha primeira sugestão: elimine estes alimentos industrializados que são verdadeiras armadilhas – eles só estão sendo produzidos porque alguém os está comprando. Se de repente todo mundo parasse de consumi-los, penso que a indústria teria de se adequar. Percebe onde eu quero chegar?

Claro que a vida é corrida e quase ninguém [inclusive eu] tem tempo de preparar todas as refeições, mas podemos e devemos escolher bem o que iremos comer fora de casa.

Podemos tomar nosso café na padaria que faz pão de verdade. Encomendar uma comidinha caseira com a vizinha que faz tudo fresquinho [pergunte antes se ela usa tudo fresco!]. Podemos tirar 1 dia por mês para preparar algumas coisinhas [como molho de tomate caseiro, por exemplo]. Podemos também abrir nossa mente e explorar novos sabores [que tal fazer almôndegas e hamburgueres com vegetais e grãos, ao invés de sempre carne?].

algumas dicas para o seu dia a dia:

Vá a feira e compre ingredientes frescos para a semana toda. Lave e seque bem a salada, guarde em saquinhos plásticos bem fechados que elas durarão até 1 semana na geladeira [tem que secar MUITO bem!]. Cozinhe os vegetais al dente e guarde em potes bem tampados na geladeira, congele alguns – ao longo da semana você vai preparando alguns pratos com eles;

Ninguém precisa cozinhar o jantar do zero todos os dias. Podemos ter na geladeira alguns pratos pré preparados e ir apenas finalizando na hora de comer. Como por exemplo a salada e os legumes que citei acima. Além disso, tente adotar um conceito menos é mais: se você quiser comer arroz, feijão, farofa, bife, salada e ovo frito para o jantar, vai passar um bom tempo na cozinha! Então porque não ‘apenas’ uma salada bem rica e nutritiva: com vários tipos de folhas, algum legume cozido, sementes tostadas e vale até alguma fruta [manga, abacate, pêssego…]. Ou então uma bela omelete com salada – em 10, 15 minutos você prepara seu jantar;

Use e abuse do seu forno: corte vários legumes, coloque em uma assadeira, regue com azeite, salpique sal e ervas frescas e leve ao forno – é um jantar delicioso!!! Se quiser alguma proteína, use também o forno: é prático e não faz sujeira – você pode assar carnes, frango e peixe num saquinho para este fim. Veja AQUI e AQUI;

Ao invés de comprar, prepare você mesmo alguns snacks para levar para o trabalho: podemos fazer nossas barrinhas de cereais [duram mais de uma semana se bem armazenadas], biscoitinhos, pães e bolos caseiros [estes também podemos congelar e ter sempre à mão, inclusive para o lanche das crianças], sopa caseira de verdade [porque não já fazer 2 receitas e congelar?] e por aí vai.

Não é fácil mesmo cuidar da alimentação: é um processo diário e se fosse simples não haveria tanta gente acima do peso e até com doenças relacionadas à alimentação. Mas o importante é se esforçar e se atentar ao tipo de alimento que está consumindo. Consciência.


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