{"id":7111,"date":"2018-12-19T08:00:25","date_gmt":"2018-12-19T10:00:25","guid":{"rendered":"http:\/\/www.comidacomafeto.com\/?p=7111"},"modified":"2023-03-03T11:52:21","modified_gmt":"2023-03-03T13:52:21","slug":"doces-conventuais","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/www.comidacomafeto.com\/doces-conventuais\/","title":{"rendered":"Os doces conventuais portugueses"},"content":{"rendered":"
Acho que todo mundo j\u00e1 provou algum doce conventual na vida [no Brasil podemos dizer que at\u00e9 s\u00e3o comuns] mas voc\u00eas sabem a hist\u00f3ria acerca deste tipo de confeitaria? A base dos doces conventuais<\/strong> \u00e9 sempre ovos + a\u00e7\u00facar<\/strong>, mas algumas receitas v\u00e3o variando com a jun\u00e7\u00e3o de am\u00eandoas, canela, h\u00f3stia, fios de ovos, marzip\u00e3 e at\u00e9 vinho do Porto. Apesar de a base dos doces ser sempre a mesma, n\u00e3o significa que t\u00eam o mesmo sabor, j\u00e1 que a forma de preparo e outros ingredientes adicionados ir\u00e3o alterar a textura e tamb\u00e9m o sabor de cada doce. Como o nome j\u00e1 diz, esses doces foram criados por freiras que viviam em conventos e mosteiros em Portugal<\/strong> h\u00e1 alguns s\u00e9culos atr\u00e1s: entre os s\u00e9culos 13 e 14 Portugal era um grande produtor de ovos e exportava as claras dos ovos para produtores de vinho branco [as claras s\u00e3o usadas como ‘purificante’] e al\u00e9m disso eram tamb\u00e9m utilizadas para engomar roupas dos rica\u00e7os daquela \u00e9poca e produzir as h\u00f3stias. E o que fazer com tanto excedente de gemas de ovos? Doces, ora.<\/p>\n Inicialmente as gemas iam simplesmente para o lixo ou at\u00e9 eram usadas para alimenta\u00e7\u00e3o de alguns animais, eis que algu\u00e9m decidiu juntar a\u00e7\u00facar a estas gemas e iniciar a confec\u00e7\u00e3o do primeiros Doces Conventuais<\/strong> – j\u00e1 que naquela \u00e9poca o a\u00e7\u00facar estava super em voga , pois chegava em larga escala a Portugal. Isso sim \u00e9 que \u00e9 local food,<\/strong><\/em> que tanto se fala hoje em dia: produzir com o que se tem em m\u00e3os – e que naquela \u00e9poca eram as gemas e o a\u00e7\u00facar.<\/p>\n J\u00e1 a partir do s\u00e9culo 18 os conventos come\u00e7aram a comercializar estes doces, como forma de gerar renda para seu sustento. As receitas de doces conventuais<\/strong> s\u00e3o passadas de gera\u00e7\u00e3o a gera\u00e7\u00e3o, \u00e9 muito bonito ver como s\u00e3o fi\u00e9is \u00e0s receitas e principalmente ao m\u00e9todo de preparo: a maioria dos produtores ainda fazem os doces de forma artesanal, utilizando tachos de cobre e mantendo viva toda sua hist\u00f3ria e tradi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Eis que a cidade onde morei por quase um ano em Portugal – Alcoba\u00e7a<\/strong> – tinha enorme tradi\u00e7\u00e3o em se tratando de Doces Conventuais<\/strong>, j\u00e1 que l\u00e1 est\u00e1 o Mosteiro de Santa Maria de Alcoba\u00e7a<\/strong>: sua constru\u00e7\u00e3o de estilo g\u00f3tico foi iniciada em 1178 e classificado como Patrim\u00f4nio Mundial da Humanidade<\/strong> pela Unesco em 1989. Ali\u00e1s, para quem gosta de hist\u00f3ria, pesquise sobre D.Pedro I e In\u00eas de Castro<\/strong>: uma linda por\u00e9m tr\u00e1gica hist\u00f3ria de amor….o t\u00famulo dos dois se encontra na Igreja do Mosteiro de Alcoba\u00e7a<\/strong>, j\u00e1 que Dom Pedro I nasceu em Coimbra [n\u00e3o t\u00e3o longe de Alcoba\u00e7a e escolheu o Mosteiro para abrigar seu t\u00famulo e de sua amada, j\u00e1 que era a constru\u00e7\u00e3o mais monumental da regi\u00e3o naquela \u00e9poca]. Ali\u00e1s tem um filme sobre essa hist\u00f3ria de amor, eu assisti e gostei bastante – AQUI<\/strong><\/a> o trailer.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Alcoba\u00e7a<\/strong> tem \u00f3timas e conceituadas Pastelarias [confeitarias] para se provar os doces conventuais – e as op\u00e7\u00f5es s\u00e3o muitas! Em 2018 o Mosteiro de Alcoba\u00e7a foi palco da ‘XX Mostra Internacional de Doces e Licores Conventuais’<\/strong>: foram 4 dias de mostra onde pudemos degustar imensa variedade de doces conventuais, al\u00e9m de licores, compotas e alguns outros produtos tanto de Portugal quanto de expositores que vieram de outros pa\u00edses. Al\u00e9m disso, rolou um espet\u00e1culo de Videomapping lind\u00edssimo, projetado na imensa fachada frontal do Mosteiro, contando brevemente a hist\u00f3ria dos doces conventuais: sensacional – sem sombra de d\u00favidas foi uma das coisas mais belas e interessantes que j\u00e1 vi na vida:<\/p>\n