Borgonha
A Borgonha (em francês, Bourgogne) é outra importante região produtora de vinhos que visitei na França – é considerada a segunda mais importante da França e uma das mais prestigiadas do mundo! Posso dizer que não são meus favoritos – meu paladar se adequa melhor a outros vinhos…. A minha intenção é visitar todas as principais regiões produtoras de vinho da França – são 7 e falta só uma: vale um post hein! A Borgonha produz vinhos tintos (como Pinot Noir, Beaujolais e Romanée-Conti, este último é um importante vinho, dizem que você não pode morrer sem provar…hum, há controvérsias!) e brancos (Chablis, Chardonnay, Pinot Blanc…básico).
Diz a história que os romanos já produziam vinho nessa região desde o século IV – e depois disso um povo da Escandinávia se instalou nessa área após desintegração do Império Romano e deu sequência à produção de vinhos.
Além dos vinhos, a Borgonha também é considerada a capital gastronômica da França – eu particularmente acho dificílimo eleger uma, já que a culinária francesa é riquíssima, como no Brasil, e vai mudando de região pra região. Mas que a comida por lá é deliciosa, isso sim é verdade – que tal um Bouef Bourguignon, o mais clássico da região? Sentado numa praça com esse prato, uma cestinha de pão e algumas taças de vinho dá pra ser bem feliz… Mas ah, sem esquecer dos Escargots pra abrir o apetite! Durante minha estadia na Borgonha visitei as cidades de Beaune e Dijon e aqui neste post vou falar um pouquinho sobre elas.
O QUE FAZER EM BEAUNE?
Essa cidade é mais do que fofa, um encanto mesmo – e falam que é a capital afetiva da Região. Se encontra em meio a vinhedos multicentenários, ou seja, está na porta de entrada para quem deseja conhecer e degustar os grands crus e premiers crus produzidos na Borgonha.
#1 DEGUSTAÇÃO DE VINHOS
Lugares para degustar vinhos é o que não falta, você pode tanto participar de uma degustação em uma vinícola local (incluindo um passeio pelas plantações de uvas e em algumas você pode até almoçar) ou ir até uma loja de vinhos e degustar vários rótulos diferentes. Se tiver tempo e disposição, faça os dois!
Se quiser apenas fazer uma degustação (ou duas, quem sabe três…), caminhe pelas ruas da cidade e encontrará alguns bons lugares pra isso – como esse aí da foto (Sensation Vin). Explore!
#2 VISITAR UMA VINÍCOLA
Uma dica: se quiser conhecer alguma vinícola, reserve antes, antes até de organizar sua viagem, até porque as visitas não acontecem todos os dias da semana. Conheço dois sites que você pode ter algumas informações: veja AQUI e AQUI!
#3 ‘APENAS’ CONTEMPLAR A CIDADE
Quando cheguei em Beaune sentei em uma praça pra tomar um café as 11 da manhã e todos estavam bebendo vinho. Num lindo sábado ensolarado.
A Place Carnot é bonita e muito agradável pra um café, uma taça de vinho ou uma refeição reconfortante – nos restaurantes ao redor da praça vemos pratos clássicos como Coq au Vin e Bouef Bourguignon. Dá vontade de experimentar todos – bom, pelo menos eu tenho essa vontade! E o que mais é tipico por lá? Os escargots de Bourgogne, Terrines, pratos a base de todos os tipos de carnes e miúdos que você possa imaginar, cogumelos, torrone…ah! A cidade transpira gastronomia. Tem uma enorme quantidade de restaurantes com menus interessantíssimos, bar a vin de monte, degustação de vinhos, tour pelas vinícolas e pessoas gentis. Foi amor à primeira vista! É daquelas cidades que eu me apaixono e penso “poderia morar aqui”. Interessante, charmosa e cheia de graça!
# 4 VISITAR O MERCADO E A FEIRA
Na Place de La Halle fica o mercado da região, com produtos regionais – um mercado completo, sensacional. Uma das coisas que me faz querer morar em cidades menores como esta é a possibilidade de fazer minhas compras em um mercado local (pois neles encontro tudo o que gosto e preciso) sem precisar das grandes redes de supermercados (já que não gosto e não consumo alimentos processados, não preciso deles, certo?).
E na área externa da praça tem uma maravilhosa feira aos sábados – dá pra comprar frutas e vegetais orgânicos fresquinhos, queijos, embutidos, carnes, massas, geleias, pães e até café nas lindas barracas montadas ao longo da praça! Um mercado completo, sensacional pra fazer compras!
#5 COMER!
Beaune tem ótimas opções de restaurantes para almoçar e jantar (ufa!). Eu escolhi o Loiseau des Vignes – tudo porque li o livro sobre o chef francês Bernard Loiseau (que se suicidou em 2003, com medo de perder sua estrela Michelin…que doideira!) e quis conhecer um de seus restaurantes. Muito bacana. Boa comida, bom atendimento e o lugar é lindo.
Escolhi o Menu Découverte, é composto de uma entrada, um prato principal, queijos e sobremesa. A entrada era um Ovo mole com farofa (sim, farofa!) com bacon e um molho de vinho tinto cheio de carisma! Delicioso…. A sobremesa pra mim foi o mais surpreendente: um Crepe-Souffle. Tão simples e tão gostoso…uma textura perfeita. Muito bom! Se liga no vídeo lá no meu Instagram.
#6 VISITAR UMA FÁBRICA DE MOSTARDAS
A Moutarderie Fallot existe desde 1840 e em 2010 ganhou o selo IGP (um sinal de qualidade reconhecida em toda a Europa). É possível fazer uma visita guiada com explicação sobre todo o processo de fabricação – desde a história da fundação da marca, a plantação dos grãos e o processo de fabricação da mostarda. Apesar de não poder ver exatamente a área de produção em si, a visita é muito interessante! Tem algumas imagens, vídeos e a guia explicou tudo muito detalhadamente (e falando devagar, já que a visita era em francês e ela sabia que não entendia 100% – no dia da minha visita eu era a única pessoa que não falava francês no grupo).
Ao final tem uma degustação, claro. Os sabores de mostarda produzidos por eles são super originais: Yuzu, Alecrim, Cassis, Figo com Mel, Manjericão…. Na verdade eram tantos sabores que já não lembro mais…
E O QUE DIZER DE DIJON?
Fazia um bom tempo que eu queria conhecer Dijon – cidade também charmosa e cheia de história. Na minha opinião, um dia por lá é mais do que suficiente. Caminhar pelas ruas do centro histórico e ver a cidade pode ser um passeio interessante. A cidade é super tranquila. Tive apenas um dia pra conhecer a cidade e era um domingo – quase tudo estava fechado e a cidade estava quase morta. Quase. O mercado da cidade (Les Halles) infelizmente estava fechado. Dijon é a única cidade para qual eu viajei na vida e não conheci o mercado…
Uma coisa interessante da cidade é caminhar pelas ruas seguindo o Caminho da Coruja: é uma caminhada direcionada que te leva a todos os pontos históricos da cidade. Basta seguir as setas da Coruja – são pequenas placas metálicas localizadas no chão, que vão te guiando num percurso por todos os 22 principais monumentos da cidade. Super bacana.
A Place François Rude fica no centrinho da cidade e por lá tem alguns restaurantes, lojinhas e cafeterias. Legal pra dar uma volta e observar essa arquitetura charmosa e peculiar da cidade. E claro, encontrar algo de bom pra comer beber – sempre!
E os Escargots de Bourgogne, conhece essa iguaria? Estudos arqueológicos da Europa e Africa mostram que o escargot surgiu antes do homem, e que este os consumia desde o início de sua existência. É tudo uma questão de superar alguns preconceitos – escargot não é nojento, é um bichinho, é alimento como qualquer outro – se você não gostar tudo bem, mas não diga que é nojento (talvez não seja muito legal menosprezar o alimento, certo?). A carne do escargot é rica em proteína, cálcio, ferro, magnésio e sódio, além de apresentar baixo teor de colesterol.
Os escargots são cozidos em vinho branco e caldo de legumes, e depois recheado com molho a base de manteiga, alho e salsa – quentinho…tão gostoso! E não tem nada de chic – é só comida. Aqui na França, 100 gramas de escargot custam em média 25 reais, no Brasil: 80 – superfaturado como quase todo produto importado.
A Borgonha é mais uma região da França que adorei visitar, degustar as especialidades locais, ver a vida e conhecer mais da sua história.
Gostei muito da matéria, mas Fiquei curiosa, qual região da França ainda falta?
Organizamos visitas eno gastronomicas em toda a França em português, se puder ajudar em algo, conte conosco.
Um abraço,
Pryscila – GIMtravel & GIMGourmand
Oi Pryscila, tudo bem? Que bom que gostou! A região que falta pra eu conhecer é a Languedoc – Roussillon, vou ano que vem. Tem alguma sugestão?
Abraço.