Pelas mesas da Itália – Bologna
Bologna: uma cidade transbordando história e comida!
Como toda cidade mais antiga, Bologna é cheia de história e charme. Tem uma grande universidade por lá, e com isso muitos jovenzitos lotando bares e restaurantes a noite. E quando o assunto é gastronomia, Bologna é a cidade que mais se destaca na região da Emilia-Romagna: podemos encontrar desde pratos tradicionais até os mais contemporâneos, além de uma grande variedade de ingredientes da melhor qualidade, todos fabricados na região. Uma delícia saborear e muito interessante conhecer suas características, história e forma de produção. É sobre isso que quero falar aqui.
Pois bem. A Emilia-Romagna concentra diversas especialidades locais, se puder provar todas…faça isso! Os embutidos são sensacionais – a salumeria italiana é motivo de orgulho no país, e não é pra menos: os sabores são, ao mesmo tempo, marcantes e suaves, na minha opinião isso é resultado do uso da melhor matéria prima na execução. Quer dicas sobre o que comer em Bologna?
MORTADELA
Foi criada em Bologna em torno de 1660! Mas e aí, a Mortadela na Bologna é realmente diferente da mortadela que temos no Brasil?
Sim, totalmente – a começar pela forma como é fabricada: a legitima mortadela bolognesa possui um selo de certificação (I.G.P: indicazione geografica portetta, que significa indicação geográfica protegida), e essa é a garantia de que todo o processo de fabricação é realizado na região. A grande diferença é que a mortadela italiana I.G.P é fabricada apenas com a carne e gordura do porco (bucho, paleta e gordura do pescoço) e temperos (sal, pimenta, coentro e sândalo). Quanto as mortadelas não I.G.P…bem, estas levam na receita: corante, espessante, umectante, estabilizante – percebeu a diferença?
MUçARELA DE BÚFALA
Esse tipo de queijo é muito fresco, de sabor super delicado e é produzido com leite de búfala – e não de vaca (dá pra sentir a diferença no paladar, a fajuta muçarela de “bufala” feita com leite de vaca é totalmente diferente, não tem aquele sabor suave e delicado. Quando for comprar esse tipo de queijo no Brasil, dá uma olhada se na embalagem tem o selo de pureza – 100% búfala.
Quando acompanhada por uns tomatinhos cereja, folha de manjericão, focaccia e um bom azeite, é puro delírio!
Quer uma dica? Experimente servir a muçarela de búfala com mel e vegetais grelhados – já preparei desta forma algumas vezes e fica delicioso!
PARMIGIANO REGGIANO
O verdadeiro queijo parmesão é produzido em suas regiões específicas: Parma, Reggio Emilia, Módena,parte da Bolonha e parte de Mântua (que fica em outra região, Lombardia) e todos tem a inscrição de origem em sua casca. O parmigiano (em italiano é assim que se escreve ok?) é produzido com leite de vaca (super puro e sem aditivos, sendo que as vacas recebem apenas alimentação natural: aí é que entra a questão do terroir, e isso faz toda a diferença), coalho e sal. Só isso.
Para produzir um quilo de queijo são necessários 16 litros de leite. Quando pronto, o parmigiano passa por um longo processo de maturação (mínimo 12 meses, podendo chegar a 36) onde seu sabor e textura se transformam. Ao final da maturação os peritos avaliam a aparência e estrutura do queijo. Visitar uma latteria para conhecer a produção desse queijo tão levado a sério é um ótimo programa!
pasta al RAGú
Além da Mortadela, sabe o que mais foi inventado em Bologna? O Ragú (o famoso molho a bolognesa, de longo cozimento, a base de carne moída ou desfiada, tomates e temperos) e a Lasagna – bolognesa, claro! Nada mais justo do que experimentar as especialidades locais.
PROSCIUTTO DI PARMA
Uma iguaria produzida há mais de 2 mil anos, o Prosciutto di Parma é feito a partir da perna traseira do porco e curado com sal. Não tem aditivos e nem conservantes. Os porcos recebem alimentação especial a base de grãos e algumas frutas. O processo de cura demora no mínimo 11 meses, em ambiente com temperatura e umidade controladas, para que o presunto fique perfeito! A produção ocorre exclusivamente na cidade de Parma e leva o selo DOC – é tão bacana e motivador ver quando o alimento é levado a sério…
SQUACQUERONE ROMAGNA
Esse tipo de queijo eu ainda não conhecia. Comprei em um pequeno empório no bairro onde fiquei hospedada. Achei tãaao bom. Cremoso, suave e com um Q de exotismo…talvez proveniente da sua acidez. Logo que o vi já pensei em uma Flor de Abobrinha recheada com ele e Prosciutto di Parma. Imaginou?
Na Itália eles comem bastante para acompanhar a Piadina
O QUE COZINHEI POR LÁ….
Passei apenas 3 dias em Bologna, mas até que foi suficiente para preparar algumas delícias. Conhecer novos lugares e ingredientes é sempre uma inspiração para criar novas receitas.
Já no primeiro dia fui conhecer uma pequena feiras de alimentos na Piazza Aldrovandi, procurando ingredientes para preparar um almoço gostoso. Comprei o Orata Pescata, um peixe branco que eu não conhecia, proveniente do Mediterrâneo central. Preparei na frigideira apenas com manteiga, alho e sal. Muito saboroso. Acompanhado de uma boa salada com todas as folhas frescas disponíveis é, pra mim, uma refeição completa (e meu prato preferido no mundo).
Só não preparei minha própria massa porque, quando você não está na sua cozinha, o cenário é outro…não temos todos os equipamentos necessários, às vezes nem o mínimo. Não consegui preparar minha própria massa (queria muito, pois a farinha de trigo italiana realmente é especial, a massa é tão leve…).
Preparar minha própria massa vai ficar para uma próxima vez, mas comprei um Tortele recheado com Abóbora e o preparei apenas com uma boa manteiga, parmigiano, raspas de limão e pimenta do reino – quando a massa é boa não precisa de muito complemento. Muito simples – ensino a fazer lá no meu Instagram, dá uma olhada. E as massas na Itália são boas, a farinha é diferente e tudo muda. Veja AQUI minha receita de massa caseira.
O que mais fazer com o pedaço de parmigiano que comprei por lá? Além de petiscar acompanhado de uma taça de vinho enquanto eu cozinhava, preparei uma Fonduta para acompanhar um carpaccio de vitela.
Mas gente, sabem de uma coisa: pra realmente imergir na cultura gastronômica de um país é preciso tempo. Óbvio que em 2 ou 3 dias não dá para comer tudo o que por lá. Até porque, como no Brasil, cada região tem suas especialidades. Itália, em breve voltarei, me aguardem!
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tudo lindo ! Rubens Nóia