Alsácia


Alsácia

Alsácia… Uma região localizada no Leste da França (fazendo fronteira com a Suíça e a Alemanha) e que sempre me pareceu interessantíssima: tanto pela sua história, paisagens bucólicas e seus vinhos. E eu, que tinha um enorme desejo de conhecer a Alsácia, fiquei muito realizada por ter ido! Então vamos por partes…

# A HISTÓRIA

Os primeiros habitantes dessa região eram caçadores nômades. Em torno de 1.500 a.C os Celtas começaram a se estabelecer por lá, mas isso só durou até a chegada dos Romanos, em 58 a.C – que praticamente invadiram as terras e construíram gigantes muros e fortes para proteger as cidades de outras invasões (só eles podiam invadir, saca?).

Durante séculos a região foi alvo de disputa entre Alemanha e França – e durante algum tempo ela pertenceu à Alemanha, por isso os costumes e influências alemãs são muito notáveis até hoje. Anos depois, após o tratado de Versalhes (lembra desse assunto na escola? Ou tava dormindo nas aulas de história?) a Alsácia foi finalmente devolvida à França.

Olha, resumi bem a história, porque é comprida pacas! Gosto tanto de história, mas enfim…



#WALTENHEIM: PAISAGENS BUCÓLICAS E [MUITA] BOA COMIDA

Eu fiquei por 15 maravilhosos dias em uma pequena cidade chamada Waltenhein – na realidade um pequeno e charmoso vilarejo de apenas 500 habitantes.

Ruas tranquilas, plantações de milho, vacas comendo no pasto e casas coloridas – esse era o clima. Ah, e por falar em clima, estava um pouco frio – temperatura média de 6 graus (e eu adoro essa vibe!).

A comida em toda essa região tem grande influência alemã, é fortemente composta por todos os tipos de carnes, embutidos, aves e queijos. Por lá experimentei diversas especialidades locais e adorei tudo o que comi  –  vou falando sobre isso ao longo do post.

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Torta Alsaciana de Marmelo da Françoise (minha anfitriã – uma expert em vinhos e cozinheira das boas)

Eu nunca havia visto um Marmelo na minha vida! – essa fruta rígida e super difícil de descascar é abundante na região (em francês,  Coing ). Como sempre, eu me alucino descobrindo de onde vem as coisas – desde criança conheço aquela lata redonda de marmelada mas nunca havia visto a tal fruta que dá origem ao doce. Vi, provei e gostei. E essa torta era sensacional (vou postar a receita em breve).


#MULHOUSE

Dia após dia fui conhecendo algumas das cidades mais bonitas da Alsácia. A primeira foi Mulhouse (a segunda maior cidade da região). Em todas as cidades que passei pude notar como foram afetadas pela guerra, observando a arquitetura: em meio a antigas e típicas construções surgem edifícios com aparência mais contemporânea.

Vários edifícios possuem essa empena cega (uma fachada sem aberturas, sem nada) e artistas fizeram essas pinturas que se chamam Tromp l’oeil (em francês, significa engana olho, é uma pintura em perspectiva). Muito bonito – e isso acontece em mais alguns edifícios.

Mulhouse conta com um mercado coberto e outro aberto (na praça do mercado coberto): os dois são enormes e maravilhosos pra descobrir novos ingredientes e se inspirar!

Aí está o Chucrute – para provar a influência alemã! Lá descobri que o chucrute nada mais é do que repolho fermentado – ele é fatiado finamente e armazenado durante semanas em camadas de sal. Quando você compra, deve primeiro enxaguar para retirar o excesso de sal, depois disso ele está pronto para ser cozido e preparado com as carnes de porco. É uma delícia e completamente diferente do que eu já havia experimentado no Brasil (nem melhor, nem pior, apenas diferente, o que é natural, já que o terroir é outro). Imagine uma Quiche de Chucrute e Bacon? Deve ficar maravilhoso!!!

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O balde de Chucrute!

Tem alguns bons restaurantes para se provar as especialidades alsacianas pela cidade, como essa Tarte Flambée aí da foto: uma massa bem fina e crocante, assada em forno a lenha – tem várias opções de recheio, o mais tradicional consiste em creme, cebolas e bacon. Deliciosamente bom!

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Tarte Flambée

#GUEBWILLER

Guebwiller é um vilarejo pequenino e nada turístico ali da região, e fui até lá ‘apenas’ para conhecer um restaurante super tradicional da região e provar o Chucruteouì! O chucrute geralmente é cozido em vinho branco e temperos e servido com carnes de porco, como linguiça, joelho e bisteca [não é fininha como no Brasil, é bem suculenta!]. Estava perfeito com um Riesling Alsaciano geladinho. A comida tradicional alsaciana é forte –  e você precisa ter um estômago também ‘forte’ para degustá-la, porque em resumo é uma comida gordurosa e muito substancial. É apetitosa e 100% comfort food! Mas por outro lado, quando em um restaurante, você sempre encontrará saladas, vegetais e peixes, sempre. Em suma, o Chucrute é delicioso mas é tipo feijoada, ou seja, não é para comer sempre [ao menos pra mim].

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O Chucrute acompanha carnes de porco e batatas cozidas – é gostoso!

#Hitzbach

Falando em peixes, sabiam que a Alsácia, além da rota dos vinhos, tem também a rota das carpas? Isso mesmo…são diversos estabelecimentos onde é possível degustar esse peixinho super saboroso (me lembrou o sabor do Tambaqui, um peixe que amo de paixão!).

Fui em um restaurante na cidade de Hitzbach – outro restaurante tradicionalíssimo, daqueles em que quase não se vê turistas. O peixe era empanado em farinha de semolina e semente de papoula e depois frito – super sequinho – acompanhado de salada verde e batatas fritas, tudo a vontade (perigoso isso…). Uma maravilha!

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Nesse dia eu comi MUITO!
O restaurante fica nessa rua: não é linda?

Esse tipo de construção da foto acima, que você já deve ter visto em algum lugar, é a cara da Alsácia e está presente em quase todas as cidades por lá – estou sempre de olho nas construções, sempre! Não podemos esquecer que, afinal de contas, sou arquiteta: optei por me dedicar a outra profissão mas me interesso (e muito) pelo assunto e estou sempre observando e procurando aprender mais (mesmo com a minha decisão em abdicar dessa profissão, devo dizer que é uma profissão linda, e que cursar a faculdade de arquitetura acrescentou milhares de coisas muito boas a minha vida, milhares mesmo).

As cidades que estão mais ao norte da região tem mais exemplares dessas construções típicas. São cidades fofíssimas e que há muito tempo estavam na minha enorme lista de cidades para conhecer na Europa.


#COLMAR

Colmar me encantou demais. Uma cidade pacata, tranquila e cheia de beleza por todos os lados – a arquitetura, as flores, os canais…

E o que fazer em Colmar? Andar pelas lindas ruas, observar a movimentação, parar para tomar uma bebida ou comer algo interessante – e lá tem coisa interessante, ah se tem!

Os Bretzels, uma das especialidades locais, tem a massa fofíssima e aparece em versões doces e salgadas, prove quantos puder. O mercado coberto da cidade é pequeno e aconchegante – vale uma visita para conhecer mais sobre a comida por lá. Tem muito restaurante bacana, muita lojinha legal pra comprar produtos típicos e muitas coisas gostosas pra ir experimentando pelo caminho….explore!

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O mercado


#RIQUEWIHR

As vizinhas Riquewihr e Ribeauville são igualmente charmosas e transpiram beleza e harmonia – as pessoas por lá são muito simpáticas e tranquilas. São duas jóias da Alsácia que ninguém pode deixar de conhecer! Em setembro/outubro rola uma festa muito tradicional por lá, Fête du Vin (Celebração do Vinho) – pena que cheguei mais tarde….

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As videiras da região e lá embaixo, a cidade de Riquewihr – num visual de tirar o fôlego, muito bacana ter estado lá…

Os tradicionais Macarons de Riquewihr estão por toda parte – eu já comi esse docinho no Brasil, é similar ao que chamamos de Bombocado (a base de muito coco!). Compre seu saquinho e saia comendo pelas ruas! O que mais há pelas ruas da cidade? O “quase vinho” é na verdade o vinho branco em sua fase inicial de fermentação, então o nível de álcool é bem baixo e o suco é bem docinho.


#RIBEAUVILLE

Ribeauville é outra jóia da região, com suas ruazinhas lindas e floridas, suas montanhas e um castelo que aparece em seu topo – não tem como não se apaixonar.

 

Pelas charmosas e pacatas ruas de Ribeauville


#EGUISHEIM

Eguisheim é um pequeno vilarejo com menos de 2.000 habitantes – andando pelas estreitas e belas ruelas da cidade sentimos a calmaria do lugar….e, de repente, uma praça central com uma pequena feirinha de cogumelos locais!

E ao redor de uma das praças há algumas cafeterias e restaurantes com suas mesinhas externas (estava um dia lindo de sol quando visitei a cidade!) e também algumas barracas vendendo especialidades locais como queijos, vinhos e doces – compre o que lhe agrada e sente para degustar em uma dessas mesas comunitárias no centro da praça.

Adoro esse clima!
Torta Alsaciana de Maçã

#STRASBOURg

Strasbourg é a capital da Alsácia e seu centro histórico é tão interessante quanto das outras cidades. Visite a catedral e seu imenso relógio – às 11 da manhã acontece uma visita guiada com explicação sobre esse relógio, é super bacana. E lá perto da catedral você pode pegar um barco e fazer um passeio pelo canal – com áudio guia com explicação sobre a história da cidade e todos seus monumentos, passeio que eu adoro e sempre faço!

Bretzel quentinho e açucarado
Praça da Catedral: linda e cheia de lojinhas, cafés e restaurantes
Cidade linda e cercada por água

Passear durante toda a manhã me abriu o apetite, fui a um restaurante bem tradicional e provei pratos típicos, um deles é o Tête de veau – já ouviu falar? É a cabeça de vitela, simples assim – precisa ser forte! Não é o melhor prato do mundo mas eu queria experimentar. Depois provei as Lentilhas (que amo!) com linguiça – comida de vovó, uma delícia.

Foto que tirei no passeio de barco
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Tête de veau
Lentilha com Linguiça, pão fresco e vinho tinto – está de bom tamanho

#MAPA – LOCALIZE-SE!

Este é um mapa para vocês visualizarem todas as cidades percorridas. Note como fica perto da Suíça: a cidade em que fiquei hospedada estava a 20km de Basiléia – isso significa que dá pra fazer uma bate volta [de carro ou ônibus]. Eu fui até lá pois, além desse desejo enorme de conhecer a Alsácia, tinha o mesmo sentimento em relação à Suíça. Basiléia é uma cidade incrível, lindíssima!

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#OS VINHOS ALSACIANOS

A Alsácia conta com diversos vilarejos vinícolas que cortam a região de norte a sul pela famosa estrada dos vinhos – ao longo do percurso encontra-se belas paisagens, adegas interessantes para participar de degustações e muitos restaurantes típicos .

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Esse é o mapa da rota dos vinhos alsacianos

Há 7 variedades de uvas alsacianas e, é mais comum produzir vinhos com apenas uma delas, e não uma mistura (mas sim, encontramos alguns poucos vinhos feitos com mais de uma uva). Dessas 7, apenas 1 produz vinho tinto – o Pinot Noir (de cor clara e adocicado….não agrada tanto meu paladar). Normalmente escolho os vinhos tintos, mas como nessa região o forte são os brancos e para melhorar eu estava acompanhada de uma expert (lembra que mencionei isso no começo do texto?)….então entrei de cabeça! Conhecer os vinhos na Alsácia abriram minha mente para o maravilhoso mundo dos vinhos brancos. Temos sempre que provar todas as variedades para se chegar a conclusão se aquilo agrada ou não o seu paladar. Os vinhos Alsacianos agradaram o meu – e muito!

Todos os dias a Françoise (minha anfitriã) abria uma bela garrafa de vinho branco local de sua adega, sempre harmonizando com nosso jantar e me dando explicações sobre a origem daquele vinho, o tipo de uva….muito interessante e sempre enriquecedor!

Os franceses valorizam muito o momento da refeição e gostam de iniciar o ritual bebendo um bom aperitivo, que tanto pode ser somente um bom espumante ou um Kir – um drink bem interessante que consiste em duas doses de espumante e uma de licor.

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Crémant D’Alsace com J’adore – um tipo de licor super especial a base de frutas e….ouro! Super interessante.

Então vamos conhecer um pouco sobre as uvas que são utilizadas para fazer o vinho branco. A Riesling é reconhecida ao redor do mundo como uma das melhores variedades de uva branca – todos os vinhos que provei desta uva eram ótimos e acompanham muito bem a maioria dos pratos típicos da Alsácia.

A Muscat é aromática.  A Sylvaner, refrescante. Já a Gewurztraminer, de difícil pronúncia, é mais forte – há diversas festas pela região onde a pegada são os vinhos produzidos com essa uva. O Pinot Branco é delicado e mais suave. E, finalmente, o Pinot Gris: uma uva super “democrática”, harmoniza bem com quase todos os gêneros de alimentos.

Se estiver pretendendo visitar a região, não hesite – vá, a Alsácia é realmente incrível!




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